Denominado de ‘Método Wolbachia’, projeto busca controlar a disseminação das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti
O trabalho da Prefeitura de Uberlândia, por meio do Programa Municipal de Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes, e a estrutura proporcionada pela gestão à Rede Municipal de Saúde colocaram a cidade entre as seis selecionadas no país pelo Ministério da Saúde a participar de uma ação inovadora de controle das arboviroses, que envolve a aplicação do “Método Wolbachia” para controlar a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti.
O primeiro passo foi dado nesta semana, quando a equipe da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) recebeu a equipe da Fiocruz, parceira na implementação do projeto no Brasil. Além de Uberlândia, também foram selecionadas Foz do Iguaçu (PR), Joinville (SC), Londrina (PR), Natal (RN) e Presidente Prudente (SP).
“É um projeto interessante e que tem mostrado resultados eficientes em diversas cidades do mundo. Como Uberlândia tem uma estrutura consolidada para o monitoramento do mosquito Aedes, principalmente com as ovitrampas, os pesquisadores incluíram o município para que possamos dar continuidade no trabalho de diminuição de transmissões da doença”, destacou o coordenador do município, José Humberto Arruda.
Sobre a ação
O método Wolbachia é da World Mosquito Program (WMP) – uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos. No Brasil, o projeto é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz, com financiamento do Ministério da Saúde em parceria com governos locais.
O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti juntamente com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam no mosquito, contribuindo para a redução da transmissão de arboviroses. A bactéria se faz presente em 60% dos insetos, mas não pode ser encontrada naturalmente nos Aedes aegypti.
As primeiras ações nacionais iniciaram no Rio de Janeiro (RJ) e em Niterói (RJ), em uma área que abrange 1,3 milhão de habitantes. Em Niterói, dados preliminares já apontam redução de até 77% dos casos de dengue e 60% de chikungunya nas áreas que receberam os Aedes aegypti com Wolbachia, quando comparado com áreas que não receberam. Além dessas cidades, o método vem sendo aplicado atualmente em Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE), seguindo protocolo aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
De acordo com a World Mosquito Program, não há qualquer modificação genética no Método Wolbachia, nem no mosquito nem na Wolbachia, além de não ser transmitida para humanos ou outros mamíferos. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carrega Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo, além de haver alteração significativa nos sistemas ecológicos. Isso porque a Wolbachia está presente naturalmente em outras espécies.