Brasil já soma 20 milhões de casos de diabetes e ocupa 6° lugar na posição mundial

A Dra. Elaine Dias JK, PhD em endocrinologia pela USP e metabologista, ressalta que sobrepeso e obesidade estão entre os principais fatores que desencadeiam o diabetes tipo 2. E aborda a chamada diabetes tipo 5

 

Nesta quinta-feira, 26 de junho, é lembrado pelo Dia Nacional do Diabetes, data instituída pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do controle adequado da doença. No Brasil, a situação é alarmante: o país ocupa o 6º lugar no ranking mundial de prevalência de diabetes, com aproximadamente 20 milhões de pessoas afetadas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Em âmbito mundial, de acordo com o artigo publicado pela revista científica The Lancet, o número de pessoas com diabetes pode chegar a 1,3 bilhão nos próximos trinta anos no mundo. Atualmente, a doença está em mais de meio bilhão de pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças. Segundo cálculos recentes, a taxa de prevalência mundial é de 6,1%, tornando a patologia uma das dez principais causas de morte.

A Dra. Elaine Dias JK, PhD em endocrinologia pela USP e metabologista, confirma que os casos vêm aumentando expressivamente e, muitas vezes, de forma silenciosa, especialmente entre pacientes do sexo feminino. “Na clínica, atendemos muito mais mulheres, de diferentes faixas etárias. A doença é causada pela baixa produção ou má ação da insulina, hormônio responsável por regular a glicose no sangue e garantir a energia para o organismo. Infelizmente, a estimativa é que até 2045 a patologia afete 23,2 milhões de brasileiros adultos. O sobrepeso e a obesidade são os principais fatores que podem levar ao diabetes tipo 2, que é mais sério e pode apresentar complicações, como: doenças cardiovasculares, cérebro vasculares, hipertensão, insuficiência renal, perda de visão e até a amputação de membros”, explica a médica.

Diante do crescente número de casos de diabetes, a Dra. Elaine Dias JK ressalta a importância do diagnóstico precoce e destaca os grandes avanços na medicina para o tratamento da doença em suas diferentes fases. “Na clínica, atendemos pacientes com os mais variados perfis, e é fundamental compreender as diferenças entre os tipos de diabetes para oferecer um cuidado eficaz”, explica a endocrinologista, que acompanha congressos mundiais e diversos estudos internacionais.

Segundo a especialista, o diabetes tipo 1 é quando a produção de insulina pelo pâncreas é insuficiente. Já a diabetes tipo 2, o mais comum entre os brasileiros, é caracterizado pela resistência à insulina e/ou produção insuficiente. Há também o pré-diabetes, quando o nível da glicose no sangue está acima do esperado, mas ainda não configura diabetes; e diabetes gestacional, que é o aumento anormal da glicose durante a gestação.

“Temos ainda a diabetes tipo 5. Esse termo não é uma nova classificação oficial, mas tem sido usado por endocrinologistas para descrever um perfil específico de pacientes com resistência severa à insulina, desnutrição e falha de resposta aos tratamentos convencionais. São pacientes que convivem com níveis altos de insulina e glicemia, mesmo usando medicação. E que não conseguem ganhar peso, mesmo com dieta específica e esforço. Essa forma de diabetes precisa ser reconhecida para que o tratamento seja eficaz com personalização, ajustes precisos e visão multidisciplinar”, comenta a Dra. Elaine.

A médica alerta que, embora muitos pacientes sejam assintomáticos, existem sinais que indicam a necessidade de investigação, como sede e fome excessivas, vontade frequente de urinar, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza, visão embaçada e feridas que demoram a cicatrizar. “Por isso, é extremamente importante realizar exames laboratoriais que apontem para o diagnóstico e manter consultas regulares com um especialista. Esse cuidado deve começar desde a infância, com orientações alimentares, prática de atividades físicas e, se necessário, a introdução de medicações”, enfatiza a Dra. Elaine.

Opções de tratamentos e tecnologias auxiliam no controle do diabetes

Sobre os tratamentos, a Dra. Elaine explica que atualmente existem diversas opções, tanto orais quanto por meio de aplicações de insulina. “Hoje, temos insulinas de longa duração e medicamentos orais que ajudam a controlar os níveis glicêmicos, melhoram a função renal e a insuficiência cardíaca, como os inibidores de SGLT2 (Jardiance, Forxiga e Xigduo). Também dispomos de medicamentos subcutâneos aplicados uma vez por semana que, além de melhorarem o controle da glicemia, auxiliam no emagrecimento e na redução de eventos cardíacos, como os análogos de GLP-1 (Saxenda, Ozempic e Wegovy) e os agonistas de GLP-1 e GIP (Monjauro), que são hormônios intestinais”.

A especialista destaca ainda os avanços tecnológicos que auxiliam no controle diário da doença, como os sensores contínuos de glicemia, que dispensam a picada no dedo. “O aplicativo FreeStyle Libre permite que o paciente acompanhe a dosagem de açúcar no sangue pelo celular e compartilhe os dados facilmente com o médico. São muitos recursos que facilitam o dia a dia dos pacientes, mas, mesmo com todos esses avanços, é fundamental prevenir, ter cuidados com a alimentação e manter acompanhamento médico regular”, conclui a Dra. Elaine.

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