Abertura ocorre sexta-feira (7), às 19h, com presença de artistas convidadas do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil; mostra permanece em cartaz no Museu Universitário de Arte (MUnA) até 30 de março
O Museu Universitário de Arte de Uberlândia (MUnA-UFU) recebe, a partir de sexta-feira (07/02), a exposição “Mundo Meio Meu”, que propõe uma reflexão sobre a centralidade do eu e sua interação com o mundo. A mostra permanece em cartaz até 30 de março e apresenta obras de oito artistas que, a partir de diferentes linguagens e experiências, abordam temas como identidade, território, memória e a relação entre o corpo de pessoas que se identificam com o feminino e o ambiente. A abertura contará com a presença das artistas convidadas das regiões Norte, Nordeste e Sudeste
O projeto surge a partir da relação acadêmica da curadora, Priscila Rampin (MG), com as artistas Andrea Melo (RO), Andressa Boel (MG), Camila Sá (RO), Conchita Silva (BA), Gui Ocampo (RO), Ítala Isis (RJ), Maria Silper (RO) e Mariza Barbosa (MG). Priscila conheceu e passou a se relacionar com as artistas em experiências como professora, pesquisadora ou colega em diferentes instituições brasileiras, como na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e na Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
“O projeto da exposição surge das aproximações e conexões entre o que as artistas produzem, centrada na maneira como enxergam o mundo ao redor e em como essa visão é determinada pela identidade de gênero”, conta Rampin. Para a curadora, o interesse está em como elas observam o mundo e produzem seus trabalhos de arte a partir de suas trajetórias no mundo e no meio que compõem suas individualidades e a coletividade. “Estou falando de corpos que se identificam como femininos, e como a vida delas, profissional, pessoal e afetiva, depende de como elas veem o mundo e como o mundo afeta elas”.
Artistas amazônidas em Minas Gerais
Quatro artistas da Amazônia estarão em exposição. Andrea Melo vem da dança, da performance, e é professora em Porto Velho. Na exposição, apresentará uma fotoperformance com imagens impressas em tecido, nas quais ela aparece em meio às árvores e a natureza, confundindo o público com o que é árvore e o que é corpo. A artista Camila Sá traz para a exposição uma série de fotografias analógicas de pessoas trans, travestis e artistas drags na noite de Porto Velho – quando foi convidada para registrar uma festa.
Maria Silper, também da capital Rondoniense, traz para a mostra dois trabalhos afetivos sobre as memórias de como foi criada pela avó, além de produzir sobre a transformação e ressignificação de sua casa após a morte da matriarca. A amazônida Gui Ocampo, que pesquisa sobre a performatividade nas redes sociais e realiza uma performance de longa duração no Instagram, a @_pestebubonica, chega ao “Mundo Meio Meu” com a obra Autoretrato.
Do singular ao coletivo
De Uberlândia, Andressa Boel traz para a coletiva um Mini-documentário nomeado Bicicruze: construção coletiva de bicicletas não tradicionais no cerrado mineiro e um objeto escultórico, a BiciTorta. O vídeo registra a criação de bicicletas originais construídas com crianças durante a residência artística Bicicruze que ocorreu no distrito de Cruzeiro dos Peixotos, em Uberlândia, Minas Gerais. “Durante quase um ano, Eric, João Gabriel, Erick, João Vitor, Isabela, Luiz Gustavo, Mário, Talisson e eu, imaginamos bicicletas não tradicionais. Desenhamos nossas bicis e refletimos como elas poderiam funcionar, esculpimos e projetamos suas maneiras de usar, ou de estar-a-pedalar”, descreve a artista sobre a obra. A BiciTorta, o objeto artístico “pedalável”, também estará em exposição e pode ser experienciada pelo público.
Conchita Silva leva para a “Mundo Meio Meu” a obra Desde a década de 70, prefiro…, painel com oito xilogravuras de mulheres que lutam pela terra e pela água no Oeste da Bahia. Junto aos grafismos, é possível ler depoimentos das representadas pela artista: mulheres que são vítimas mas também são de luta. Os textos refletem sobre conflitos hídricos, territoriais e o sentimento de pertencimento a um chão marcado por injustiças sociais.
Ítala Isis apresenta em “Mundo Meio Meu” bandeiras bordadas com frases e imagens que tensionam e subvertem os sentidos do símbolo nacional, através das mudanças de cores, formas e mensagens. Já Mariza Barbosa apresentará os documentos do processo de criação da experimentação performativa Está exalando cinza realizada na cidade de Carmo do Paranaíba (MG), em 2022, após um incêndio que devastou parte da mata localizada próxima ao sítio onde a artista morou até a sua adolescência. Ela traz para o espaço expositivo o vídeo de registro da ação artística, vestígios pós e póstumos coletados durante a realização do trabalho a partir dos documentos do processo.
SERVIÇO:
O que: Exposição de artes visuais “Mundo Meio Meu”
Quando: abertura em 7 de fevereiro, visitação até 31 de março
Onde: Museu Universitário de Arte (MUnA), Uberlândia-MG
Ingressos: visitação gratuita