No Brasil, o mês de junho é dedicado à conscientização sobre a importância da doação de sangue. Conhecido como “Junho Vermelho”, este período tem como objetivo incentivar a população a contribuir com os bancos de sangue, que frequentemente enfrentam desafios para manter seus estoques. Em meio a essa campanha, surge uma dúvida comum: pessoas com reumatismo podem doar sangue?
Para esclarecer essa questão, conversamos com um dos pioneiros da reumatologia no Triângulo Mineiro, que já atendeu mais de 45 mil pacientes em mais de 50 anos de carreira, Dr. Carmo Gonzaga de Freitas. Segundo ele, a possibilidade de doação de sangue por pacientes reumáticos depende de vários fatores, incluindo o tipo de reumatismo e o tratamento em curso.
“O termo ‘reumatismo’ abrange mais de 100 doenças diferentes que afetam articulações, músculos e ossos, incluindo artrite reumatóide, lúpus e espondilite anquilosante. Nem todas essas condições impedem a doação de sangue, mas é essencial avaliar caso a caso”, explica Dr. Carmo de Freitas.
Exemplos de doenças reumáticas que frequentemente impedem a doação incluem:
· Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): Devido à natureza autoimune e ao uso comum de imunossupressores.
· Esclerose Sistêmica: Pela severidade da doença e os medicamentos utilizados.
· Vasculites: Como a granulomatose com poliangiite (anteriormente conhecida como granulomatose de Wegener), devido à inflamação dos vasos sanguíneos e os tratamentos imunossupressores.
“No caso da artrite reumatóide, se o paciente estiver em remissão e sem uso de medicamentos que comprometam o sistema imunológico, ele pode ser elegível para doação. No entanto, cada doador potencial deve ser avaliado por um profissional de saúde no momento da triagem, para garantir a segurança do doador e do receptor”, afirma Dr. Carmo.
Assim, a orientação é não se auto excluir. “Se você tem reumatismo e deseja doar sangue, procure um centro de doação e passe pela triagem. A equipe médica está preparada para avaliar sua condição e determinar se você está apto a doar. A doação de sangue é um ato de solidariedade que pode salvar vidas, e cada contribuição é essencial”, conclui Dr. Carmo de Freitas.