Inchaço e dor abdominal, sangramento vaginal, mudança no hábito intestinal e perda de peso são indicativos comuns para diversas doenças, mas também podem ser sinais da presença do segundo tumor ginecológico mais frequente nas mulheres: o câncer de ovário.
Apesar dos sintomas serem inespecíficos, a atenção a eles e a fatores de risco pode ser um caminho para o diagnóstico antecipado da doença, o que atualmente é um grande desafio, também devido a inexistência de um exame específico eficaz na sua detecção.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 75% dos casos do tumor são diagnosticados já em estágio avançado. A estimativa é que, somente neste ano, sejam diagnosticados cerca de 6.600 novos casos de câncer de ovário no país, de acordo com o INCA.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é um dos principais fatores para o sucesso do tratamento de tumores, e está diretamente associado ao aumento da sobrevida e da qualidade de vida do paciente, entretanto em casos de câncer de ovário, ele é um desafio. Mas, estar atento a sinais e fatores de risco que levam à doença podem contribuir para que o diagnóstico seja realizado mais cedo, como destaca a oncologista do corpo clínico do COT Oncoclínicas, Dra. Paula Philbert.
“Na fase inicial, o câncer de ovário não apresenta sintomas específicos, e à medida que o tumor cresce, podem surgir sinais como a dor e inchaço no abdômen, prisão de ventre ou diarréia, cansaço constante, sangramentos vaginais incomuns, porém são sintomas facilmente atribuídos à outros males.
De qualquer forma, é importante estar atento a estes indicativos, principalmente quando são prolongados, e para as mulheres que apresentam os fatores de risco para a doença, como por exemplo o histórico familiar, o cuidado deve ser ainda maior”, comenta a especialista que detalha as condições que aumentam o risco para o desenvolvimento do câncer de ovário.
“O avanço da idade, infertilidade, predisposição genética, e excesso de peso corporal são alertas. Vale destacar o fator genético, pois cerca de 30% das mulheres jovens que desenvolveram o tumor tendem a apresentar uma propensão a mutações em genes. Para estes casos, é possível receber orientações de especialistas para fazer exames regulares como estratégia de prevenção”, destaca a Dra. Paula.
Prevenção
Como em outros tipos de tumor, não há uma maneira de evitar totalmente a doença, mas adotar hábitos saudáveis, com alimentação balanceada e a prática rotineira de exercícios, podem contribuir para diminuir as chances de desenvolvimento do câncer. No caso do tumor no ovário, além desses cuidados, há fatores protetivos que podem amenizar o risco da doença.
“O uso de anticoncepcionais pode ser fator protetivo para o câncer de ovário. Mulheres que tomaram o medicamento por mais de cinco anos têm 50% menos chances de desenvolver o tumor em comparação àquelas que nunca fizeram uso, porém vale lembrar que o anticoncepcional pode ter riscos e efeitos colaterais e é fundamental consultar um especialista para orientar sobre o uso do medicamento. Além disso, também há indícios de que ter filhos reduz as chances de ter o câncer de ovário, e quanto mais gestações e mais tempo amamentando, menor o risco para a mulher”, comenta a médica.
Apesar de não haver um exame específico para a detecção, ao suspeitar da existência do tumor no ovário, a realização de avaliações ginecológicas aliadas a exames laboratoriais e de imagem, poderão diagnosticar a doença. “Há diversas pesquisas em andamento buscando uma forma de rastrear o câncer de ovário, sem sucesso até o momento, porém existem meios para detectar o tumor. Os exames mais utilizados são o ultrassom transvaginal, que pode diagnosticar uma massa no ovário e demandará uma avaliação complementar para indicar se é maligna ou benigna. Há também o exame do marcador CA-125, uma proteína no sangue que costuma ter níveis elevados em pacientes com a doença”, explica a especialista.
Tratamentos
As principais formas de tratamento para o câncer de ovário são a cirurgia e a quimioterapia. “A decisão sobre o meio de tratar este câncer dependerá da avaliação de fatores como o tipo e estágio do tumor, idade e condições clínicas da paciente e ainda a extensão da doença”, conclui Dra. Paula.
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